Mercados financeiros em ebulição, Europa e EUA ameaçados por uma recessão e inflação a subir em todo o mundo: os governos, apanhados de surpresa, improvisam e tomam medidas de emergência para combater a crise.
Salvam-se bancos em dificuldades, ajudam-se as famílias endividadas a pagar a sua prestação, devolvem-se impostos pagos, reforça-se o poder das autoridades da concorrência para controlar os preços, penalizam-se as petrolíferas pelos ganhos excessivos, aumentam-se os apoios sociais aos mais pobres e fazem-se planos de investimento público mais ambiciosos.
Estas medidas são por vezes tomadas de forma limitada, devido às próprias restrições orçamentais dos governos, sendo por isso, em muitos casos, insuficientes ou mesmo inúteis perante a dinâmica negativa que se sente nas economias. Mas a verdade é que, para tristeza dos defensores das virtudes da economia de mercado, a resolução mais rápida e sem dor dos problemas que se vivem no sector privado parece agora depender quase totalmente do sucesso da intervenção realizada pelo Estado.
O panorama é semelhante em todo o mundo. No entanto, a resposta que está a ser dada pelas autoridades varia de país para país, dependendo mais da gravidade da situação de cada economia e do equilíbrio das finanças públicas do que da ideologia defendida pelo respectivo Governo.
Só isso pode explicar que o exemplo de maior intervenção estatal du-
rante a presente crise esteja a vir dos EUA, um país com uma economia tradicionalmente mais liberal e cujo presidente, George W. Bush, tem sido, ao longo dos seus dois mandatos, um acérrimo defensor da redução da presença do Estado na economia.
Logo no início da crise financeira internacional e do rebentar da bolha especulativa no mercado imobiliário, a Administração Bush, após difíceis negociações com o Congresso dominado pelos democratas, contribuiu, a par com a Reserva Federal, para salvar da falência o banco de investimento Bear Stearns, financiando outro banco privado para o comprar. Ao mesmo tempo, as autoridades norte–americanas lançaram um plano de devolução de impostos no valor de 260 mil milhões de dólares, com o objectivo de reanimar o consumo. Este sábado, perante a continuação da crise, Bush e o Senado viram-se forçados a mais medidas de emergência. O Tesouro passou a estar autorizado a comprar - nacionalizar - o capital das agências de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac. Além disso, foi criado um programa público para facilitar o refinanciamento de 400 mil famílias com dificuldades em pagar o empréstimo da sua casa.
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In Público
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