25 de Abril

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Chumbar é caro.


Sem apresentar estimativas globais para o impacto económico que o insucesso escolar tem, o exemplo foi dado pela ministra da Educação: "Se o Estado gasta por ano três mil euros com um aluno, quando ele repete vai custar seis mil no ano seguinte". Ou seja, contabilizando os cerca de 170 mil que chumbaram em 2006/2007 (100 mil no básico e 70 mil no secundário) e multiplicando pelo custo por aluno, chega-se a um valor superior a 600 milhões de euros.

O peritos da OCDE referem o Luxemburgo como um dos países que estão a tomar medidas para reduzir as taxas de insucesso e apontam o caso finlandês, onde os chumbos são absolutamente residuais, como exemplo a seguir. "A Finlândia recorre a um conjunto de intervenções formais e informais para ajudar quem está a ficar para trás na escola. Esta abordagem parece ser bem sucedida." A OCDE diz mesmo que "muitos países podiam seguir" esta estratégia de "sucesso", recomendando ainda o apoio aos professores no desenvolvimento de técnicas de recuperação dos alunos.
Leia o resto da notícia do Público Online de hoje.

Chumbos custam milhões.
A retenção e desistência de alunos do Ensino Básico e Secundário custa mais de dois milhões de euros por dia aos portugueses.
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Como tem sido visível nas últimas semanas, até pela postura do subdirector António Ribeiro Ferreira, o Correio da Manhã simpatiza ostensivamente com as políticas do ME. Com este título, terá ido longe de mais: desocultou a verdadeira razão pela qual o ME é tão avesso às reprovações. Na última década, tem sido assim: primeiro o discurso oficial substituiu a palavra reprovação por retenção. Depois, com a chegada desta equipa ministerial, diabolizou-se a retenção. A justificação oficial é que os alunos que reprovam não beneficiam com os chumbos. Reparem bem no "double speak": quando se quer diabilizar a retenção, diz-se "chumbo". É evidente que está por provar a bondade da teoria da progressão automática. Há alunos (felizmente muito poucos) que são de tal forma relapsos, absentistas, preguiçosos ou tão pouco dotados de inteligência que não aprendem nada em circunstância alguma. Para esses, a frequência do ensino regular é um logro. O Estado devia encontrar alternativas, de carácter marcadamente profissionalizante, em íntima ligação com estágios profissionais nas empresas. Esses alunos não estão a aprender nada na escola e, em muitos casos, deterioram o ambiente escolar. Há outros que beneficiam com o facto de demorarm mais um ano a fazer a escolaridade obrigatória. Segundo os dados de 2006/07, apenas 10% dos alunos matriculados no ensino básico ficou retido ou desistiu. Como é que se pode dizer que há muitos chumbos?

Comentário de Ramiro Marques:
Seria bom acrescentar que os professores finlandeses não perdem tempo em tarefas burocráticas e que não estão sujeitos a um processo de avaliação de desempenho baseado no preenchimento de grelhas com itens subjectivos. Convinha referir que os professores finlandeses não têm a sua progressão na carreira associada ao desempenho dos seus alunos. Também seria interessante dizer que os finlandeses têm uma das mais elevadas taxas de literacia do mundo e que, no príncipio do século XX, já tinham atingido quase 100% de alfabetizados. Também seria bom divulgar que, nas escolas finlandesas, são raros os casos de indisciplina. Por último, importa acentuar que o ME da Finlândia não faz leis a torto a direito e não massacra as escolas e os professores com uma incontinência normativa e regulamentadora. Na Finlândia, as escolas e os currículos têm estabilidade e os processos educativos não estão sujeitos a mudanças constantes.

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