A Escola a tempo inteiro é uma invenção de estalinistas serôdios, a quem só falta "implementarem" a tal injecçãozinha letal atrás da orelha dos velhinhos para criarem a sociedade perfeita, organizada e limpa, visionada por Estaline.
Crianças e velhos são impecilhos maçadores da flexiblidade do capitalismo pós-moderno que desrentabilizam a produtividade máxima do trabalhador robotizado, maleável, exportável, deslocalizável, descartável, reciboverdável e sempre disponível para (a)ceder à vontade do empregador: é preciso partir às 8 da noite para qualquer ponto do país ou do estrangeiro? Aqui vai ele, livre, solícito e prestável. A família pode esperar.
A família deixa assim de ser a primeira e principal instituição de socialização da criança, para se tornar num apêndice secundário a que se recorre quando a escola fecha.
De onde é que vem esta ideia peregrina? Só pode ser do estalinismo. Ajudem-me os historiadores. Há, na história da Humanidade uma herança mais forte que a estalinista, contando que agora estamos a considerar a educação de ambos os géneros?
A família é o esteio da educação dos afectos por excelência. O essencial para a vida, aquilo que é a nossa natureza, a nossa essência, os nossos instrumentos é na família que se adquire. A escola é um mero adjuvante da socialização do indivíduo.
Será que esta gente ensadeceu e quer transformar todas as nossas crianças em crianças institucionalizadas?
Quais são as consequências desta institucionalização ao nível da auto-estima e da auto-determinação dos mais novos?
Não se nasce selvagem. Quando se nasce, nasce-se filho de alguém, não da escola.
Comentário de Ramiro Marques:
É interessante esta análise crítica do conceito de escola a tempo inteiro feita pela colega do blog Paideia. Para além da engenharia social estalinista, cara aos renegados da extrema-esquerda, muitos deles ocupando lugares de destaque no ME e nos principais jornais, o conceito de escola a tempo inteiro radica, também, noutras experiências de engenharia social da primiera metade do século XX. EStou a lembrar-me dos kibutz formados, na década de 50 do século passado, pelos colonos israelitas nas terras desérticas ou escassamente povoadas da Palestina. De comum, a visão extremista e fundamentalista do mundo e da vida e a subordinção desta a um porjecto político utópico. Tal como os estalinistas e os colonos dos kibutz israelitas, os ideólogos da escola a tempo inteiro revelam uma fé cega na modernidade e no projecto político a que aderiram. No caso do ME e do Governo do senhor Sócrates, é a adesão ao projecto modernista do capitalismo neoliberal globalista. A escola como depósito de crianças e adolescentes, substituta da família, e os professores como prestadores de cuidados sociais encaixam, na perfeição, numa ideologia que sacraliza o mercado, a criação de riqueza material, a precaridade, o movimento, a atomização, o isolamento, a instabilidade, a produtividade, a eficácia, a competição e o progresso. Essa ideologia combate as referências do passado, os resquícios das comunidades naturais, a resistência das corporações profissionais e as narrativas comunitárias porque, todas elas, se constituem em obstáculos ao projecto modernista que faz de cada pessoa uma contribuinte e um produtor de riqueza no respeito pelos planos "quinquenais" desenhados por Bruxelas. A visão totalitária da vida e do mundo permanece. Os ideólogos do ME e do Governo só trocaram o proletariado pelo mercado, o Estado pela economia. A cabeça deles(as) permaneceu na mesma. Não mudou nada.
Crianças e velhos são impecilhos maçadores da flexiblidade do capitalismo pós-moderno que desrentabilizam a produtividade máxima do trabalhador robotizado, maleável, exportável, deslocalizável, descartável, reciboverdável e sempre disponível para (a)ceder à vontade do empregador: é preciso partir às 8 da noite para qualquer ponto do país ou do estrangeiro? Aqui vai ele, livre, solícito e prestável. A família pode esperar.
A família deixa assim de ser a primeira e principal instituição de socialização da criança, para se tornar num apêndice secundário a que se recorre quando a escola fecha.
De onde é que vem esta ideia peregrina? Só pode ser do estalinismo. Ajudem-me os historiadores. Há, na história da Humanidade uma herança mais forte que a estalinista, contando que agora estamos a considerar a educação de ambos os géneros?
A família é o esteio da educação dos afectos por excelência. O essencial para a vida, aquilo que é a nossa natureza, a nossa essência, os nossos instrumentos é na família que se adquire. A escola é um mero adjuvante da socialização do indivíduo.
Será que esta gente ensadeceu e quer transformar todas as nossas crianças em crianças institucionalizadas?
Quais são as consequências desta institucionalização ao nível da auto-estima e da auto-determinação dos mais novos?
Não se nasce selvagem. Quando se nasce, nasce-se filho de alguém, não da escola.
Comentário de Ramiro Marques:
É interessante esta análise crítica do conceito de escola a tempo inteiro feita pela colega do blog Paideia. Para além da engenharia social estalinista, cara aos renegados da extrema-esquerda, muitos deles ocupando lugares de destaque no ME e nos principais jornais, o conceito de escola a tempo inteiro radica, também, noutras experiências de engenharia social da primiera metade do século XX. EStou a lembrar-me dos kibutz formados, na década de 50 do século passado, pelos colonos israelitas nas terras desérticas ou escassamente povoadas da Palestina. De comum, a visão extremista e fundamentalista do mundo e da vida e a subordinção desta a um porjecto político utópico. Tal como os estalinistas e os colonos dos kibutz israelitas, os ideólogos da escola a tempo inteiro revelam uma fé cega na modernidade e no projecto político a que aderiram. No caso do ME e do Governo do senhor Sócrates, é a adesão ao projecto modernista do capitalismo neoliberal globalista. A escola como depósito de crianças e adolescentes, substituta da família, e os professores como prestadores de cuidados sociais encaixam, na perfeição, numa ideologia que sacraliza o mercado, a criação de riqueza material, a precaridade, o movimento, a atomização, o isolamento, a instabilidade, a produtividade, a eficácia, a competição e o progresso. Essa ideologia combate as referências do passado, os resquícios das comunidades naturais, a resistência das corporações profissionais e as narrativas comunitárias porque, todas elas, se constituem em obstáculos ao projecto modernista que faz de cada pessoa uma contribuinte e um produtor de riqueza no respeito pelos planos "quinquenais" desenhados por Bruxelas. A visão totalitária da vida e do mundo permanece. Os ideólogos do ME e do Governo só trocaram o proletariado pelo mercado, o Estado pela economia. A cabeça deles(as) permaneceu na mesma. Não mudou nada.
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