25 de Abril

terça-feira, 6 de maio de 2008

Ana F. escreve sobre a sua experiência nos CEFs



Alguns CEFs são turmas de potenciais delinquentes e criminosos, alguns deles com cadastro, conhecidos e seguidos pela escola segura e até por outros agentes.Para o ramalhete ser perfeito juntaram esta bandidagem toda tal como na cadeia mas com coisas que agravam a situação- não há guardas nem controle de nenhuma espécie; a maioria ainda são menores, e sabem bem que ninguém lhes vai à mão.

Então acontece que durante as aulas esta violência permanece, o linguajar é baixo, as ameaças são constantes e temos receio pela nossa vida. Eles sabem que podem dizer "veja lá porque eu e a minha familia vivemos onde você vive...tem a mania que manda mas aqui não manda nada.."

Não se ensina e não se consegue lidar com eles.

Depois acontecem estas coisas inexplicaveis dos PCE's aceitarem sem tugir nem mugir o que lhe è imposto pelas DREs, daquelas cabecinhas pensadoras que depois afirmam que os professores façam com quiserem, mas os meninos não são para pôr na rua e insucesso está fora de questão. Eu sei que é assim pois alguns PCE's que conheço mo verbalizam, anda no ar esta ideia de que os profesores vão ser facilmente dispensados, vão para rua, despedidos, para casa por falta de vagas, horários, pronto aquela coisa do rácio professor aluno e tal e então esta é a forma de garantirem horários, e de mostrarem que os professores fazem falta.

Os módulos têm horas determinadas e programa mais ou menos determinados pelo ME e pode acontecer levarem com inglês três ou quatro horas seguidas.

os registos são grelhas fantasistas, onde se devem registar como eles "tão lindos, cheios de vontade de aprender" têm vindo a melhorar em tudo, mesmo não trazendo qualquer tipo de material na sala de aula.

É vê-los a circular e rondar por todo o lado, a micar umas garinas e mandar bocas badalhocas, mais um olhar de assassino ao professor que passar e não baixar os olhos.

Depois sobra ainda a parte da destruição de bens e haveres e da inflência sobre os pequenos.

Da destruição de bens está tudo dito, pois não há consequências, temos que os manter e mais nada, e este povinho estupido, com vontade de abater professores, pois são malandros e não fazem nenhum, não se incomodam nem se importam que os seus impostos estejam a ser gastos desta forma, pois eles têm tudo pago, e se deitarem fogo a bens escolares, nada devem pagar. Depois vou copiar o que meninos de nove e dez anos, alguns do terceiro e quarto anos, escrevem sobre os cef's:
"fazem-nos esperas e jogam as maçanadas contra nós(consiste em arrancar os frutos das árvores e fazer tiro ao alvo às suas cabeças), fumam e aborrecem-nos, insultam-nos e tiram coisas, dão pontapés e partem as portas, são malcriados e dizem asneiras...)

Querem mais?

Há mais mas não me apetece.

é que isto põe o meu sistema de burnout completamente hiperactivo e então vou ter que usar de algum humor e sarcasmo e não me apetece.

Ana F.

Comentário
Os CEFs foram uma boa ideia que acabou mal. E acabaram mal por causa da pressa, da politiquice e da propaganda do Governo. Os programas deviam ser elaborados com mais cuidado, os professores mais bem seleccionados, as empresas mais envolvidas e, sobretudo, uma política de tolerância zero para com os pequenos delinquentes e criminosos que, apesar dos insultos e agressões, são mantidos nas escolas públicas, quando deviam ser encaminhados pelos tribunais para casas de correcção em regime fechado. Enquanto não se distinguir o trigo do joio e não se adoptar uma política de tolerância zero, os CEFs continuarão a ser como a Ana F. os descreve. E é pena!

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