25 de Abril

domingo, 4 de maio de 2008

A prova de acesso à profissão ou por que razão eu discordo do meu amigo Matias Alves



Ouvi hoje alguns relatos referentes a casos singulares de formação de professores (do 1º e 2º ciclo) – de uma instituição particular (mas que poderão existir noutras modalidades em instituições públicas). De professores sem o mínimo de qualificações e de enquadramento institucional. De práticas sem o mínimo de consistência científica e pedagógica. De classificações profissionais próximas da nota máxima. Fácil de imaginar a mais completa ausência de auto-regulação e auto-avaliação. De controlo externo. A descredibilização total. Fácil de ver as consequências em termos de profissionalidade. De práticas de ensino. É por estas razões que a Prova de Acesso à profissão é um 'mal' necessário. Embora não deixe de ser imperativo intervir a montante.
José Matias Alves

Comentário
Há muito que me habituei a aprender com o José Matias Alves e raro é o dia que não visito, com proveito, o blog Terrear. Mas, caro Matias Alves, permite que discorde da tua afirmação final: "é por estas razões que a Prova de Acesso à Profissão é um mal necessário". Não acredito que concordes com uma Prova Nacional de Acesso à Profissão (Decreto Regulamentar 3/2008) que exige aos candidatos um mínimo de 14 valores em cada uma das três provas. Repara, Matias Alves, na incoerência e injustiça: um candidato a professor de Matemática pode reprovar caso tire 20 a Matemática e 13 a Língua Portuguesa. Qual será, em teoria, o melhor professor de Matemática: o que tira 20 a Matemática e 13 a Português ou o que tirou 14 a Matemática e 14 a Português? Não é injusto? E não achas injusto obrigar professores que andam a servir o sistema, como contratados, há vários anos, a prestarem as provas, correndo o risco de reprovarem? Há casos de professores que andam a servir o sistema há mais de 5 anos e que, por não terem 5 anos completos de serviço, vão ter de realizar a prova. E não achas injusto que os candidatos do Continente tenham de realizar uma prova que os candidatos da Madeira e dos Açores estão dispensados de fazer? E achas que existe alguma relação entre ser um professor competente e a obtenção de uma classificação de 14 valores em 3 provas escritas? Como é que essas provas escritas vão avaliar as competências relacionais, comunicacionais, didácticas e pedagógicas? Não achas que isto é tudo um absurdo e o resultado de uma política vingativa e punitiva?

In "Ramiro Marques"

1 comentário:

Alma Perdida disse...

Estamos a entrar pelo caminho do ridículo.
Os do 3º ciclo atiram as culpas para o 3º, estes para p 1º, e estes últimos para os jardins de infância ou pré escolar. Agora passamos a atirar a pedra para cima, prova de acesso.
Depois de um licenciatura em ensino e com estágio, o candidato tem de prestar uma prova. A quem estão a chamar de incompetentes? A todos, inclusive aos do ensino superior.
Não tenho conhecimento de nenhuma profissão onde os seus profissionais sejam postos em situação tão ridícula como a de professor. Que fariam os médicos se desconfiassem uns dos outros?
Por isso digo: Cambada de ...
Mais uma prova de acesso ...à docência?
penso que na Finlândia não precisam deste tipo de argumentos para chegar onde estão!
Quero ser Finlandês.
Raios parta a este País e a tantos pensadores de ensino, ou eduquês nacional, que só tem prejudicado este País.
Vejam-se ao espelho antes de "parirem" mais alguma ideia "iluminada", e por isso é que não tenho esperança nenhuma no CCAP.
Com o calibre deste CCAP, não iremos a lado nenhum.
Continuem a pensar e a "iluminar"... pois tudo escurece à nossa volta.